Diálogos em tempo de crise | Sessão de cinema nessa 5ª feira, 09.07, às 18h na Adunicamp

Posted by GeociênciasGreve2014 on quinta-feira, julho 10, 2014

atividades - cel
Filme: A Rosa Branca
Local: auditório da ADunicamp. Dia: 5ª f (09/7).
Horário: 18h | Legendado 

Apresentação e coordenação do debate após o filme: Prof. Paulo Oliveira, CEL/Unicamp. 
Os estudantes da Universidade de Munique que organizaram um movimento de oposição ao nazismo, visando pôr fim a uma guerra que já se anunciava perdida para a Alemanha e com isso evitar uma mortandade ainda maior, foram protagonistas de um episódio ainda pouco conhecido no Brasil e que permite uma série de paralelos com a situação de greve atual. Afinal, o grupo A Rosa Branca atuava num ambiente universitário em que muitos membros do corpo acadêmico - estudantes, funcionários e professores - haviam aderido à ideologia vigente, seja por convicção, oportunismo ou covardia.


O que fazer, quando as chances de vencer a ideologia vigente e os detentores de um grande poder são muito pequenas? Calar-se, juntando-se a uma eventual “maioria silenciosa”? 

Na Universidade de hoje, o espaço para projetos coletivos vê-se cada vez mais reduzido. Alunos tornam-se muito cedo a síntese de uma “empresa júnior”, assumindo a ideologia do “Eu S.A” — precisam “entrar no mercado”, criar um perfil “competitivo” (resultado: a síndrome de burn out chega à graduação!). Professores fazem o mesmo, só que de modo muito mais exacerbado, levando à figura do homo latticus (aquele dá boa tarde ao colega no corredor e insere esse dado no seu Lattes — como “participação em encontro acadêmico”), conforme citado em um de nossos debates.
A greve é um momento em que voltam à tona os projetos coletivos, o compromisso com algo menos imediato — para além do interesse, também legítimo, de preservar o próprio salário. Por isso, os paralelos com o filme de Michael Verhoeven (1982) são muito mais produtivos. Na época, pouco se sabia do que realmente ocorreu com o grupo A Rosa Branca
Aqui, outra vez, temos paralelos possíveis com nossa situação atual. Embora parte de nossos problemas financeiros na educação pública brasileira digam respeito ao não cumprimento de regras já existentes, eles em parte também decorrem de legislações caducas, no que diz respeito ao interesse mais amplo da população, num regime democrático em que o acesso à educação - pública, gratuita, de qualidade e inclusiva - é tido como um direito, não podendo ser reduzido a um privilégio reservado aos poucos que têm os recursos para pagar seus custos (o que seria decorrência lógica das propostas veiculadas na grande mídia ao longo de nossa greve).
O filme em si, mas também suas condições de produção e recepção fornece(m) bons subsídios à discussão de questões de base que se colocam também para nosso movimento grevista. Ele ilustra também um diferencial nosso enquanto instituição de ensino, na medida em que dá um exemplo do tipo de conteúdo tematizado nas disciplinas de alemão do Centro de Ensino de Línguas (a temática é trabalhada, de modo sistemático, no Alemão VI). 
Não estamos pura e simplesmente preparando os alunos para “entrar no mercado”. Estamos ajudando a formar cidadãos plenamente conscientes de seus compromissos com uma comunidade maior, dispostos a assumir projetos coletivos — por mais que também tenham aspirações individuais e legítimas. Pode ser um tanto ou quanto utópico — mas esse ainda é o papel da Universidade pública, gratuita, de qualidade e inclusiva que defendemos.

Estão toda(o)s convidada(o)s para o filme: docentes, estudantes e funcionários!
O livro de Inge Scholl sobre o movimento A rosa branca, ponto de partida para o filme homônimo, foi traduzido para o português e está disponível em edição da editora 34. O volume, de 2013, com 2ª edição em 2014, foi organizado pelas professoras Juliana P. Perez e Tinka Reichmann, da FFLECH/USP. Participaram do trabalho de tradução alunos do Departamento de Alemão da referida faculdade. 


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